O Avivamento de Gales

No começo do século XX, o país de Gales estava sendo levado para longe de Deus pelos ventos tenebrosos da impiedade. As condições espirituais eram baixas e cada vez mais declinantes. O atendimento da igreja era pobre e medíocre. Já o pecado e suas mazelas imperavam abundantemente por todos os cantos do pequeno país.

Um poderoso avivamento começou em outubro de 1904 na pequena cidade de Loughor, com Evan Roberts, um jovem de 26 anos. Evan Roberts foi o instrumento usado por Deus para inaugurar o avivamento de 1904.

Subitamente, como um inesperado furacão, o Espírito de Deus passou como uma avalanche sobre o país, gerando o famoso “Avivamento de Gales”. O avivamento de Gales foi um dos mais impressionantes moveres de Deus de todos os tempos.

Todo avivamento tem um agente humano que aperta o gatilho. Em 1891, aos treze anos de idade, Roberts começou a ter fome e sede, e a orar por duas coisas importantes:
(1) Para que Deus o enchesse com o Seu Espírito.
(2) Para que Deus enviasse o avivamento ao País de Gales.

Roberts fez talvez o maior investimento no banco de oração de Deus a favor do avivamento que o Senhor desejava enviar. E talvez fosse essa a razão de Deus ter começado a onda internacional de avivamentos no País de Gales através de Evan Roberts.

Evan Roberts tinha acabado de começar a cursar o seminário quando teve uma visão na qual Deus o chamava para voltar à sua pequena cidade e pregar para os jovens da sua igreja. Roberts já tivera outras experiências com Deus e estava convencido que Ele estava prestes a derramar um poderoso avivamento sobre o país de Gales. Mesmo assim, podemos imaginar que não foi fácil para ele voltar para casa depois de apenas quinze dias no seminário. Mas, na noite de domingo, 30 de outubro de 1904, durante o culto, Roberts teve uma visão dos seus amigos de infância e entendia que Deus estava falando para ele voltar para casa e evangelizá-los.

No dia seguinte Evan Roberts reuniu os jovens da igreja e começou a passar a sua visão para o avivamento. Ele ensinou que o povo orasse uma oração simples: "Envia o Espírito Santo agora, em nome de Jesus Cristo". Roberts também enfatizou quatro pontos fundamentais para o avivamento:
A confissão aberta de qualquer pecado não confessado.
O abandono de qualquer ato duvidoso.
A necessidade de obedecer prontamente tudo que o Espírito Santo ordenasse.
A confissão de Cristo, como Senhor abertamente.

Em poucos meses de avivamento, um país inteiro foi transformado e a notícia foi espalhada ao redor do mundo. As igrejas começaram a se encher de tal modo, que multidões não conseguiam entrar. As reuniões duravam das dez da manhã até a meia noite e ninguém tinha vontade de abandonar os locais de reuniões. Em muitas igrejas três cultos eram realizados diariamente para atender a demanda de pessoas que chegavam desesperadas por causa de seus pecados. Era certo que Evan Roberts foi o instrumento humano que desencadeou o avivamento, mas havia pouca pregação nas reuniões.

Cânticos, testemunhos e oração era a característica principal. Não havia nenhum hinário, pois eles cantavam os cânticos aprendidos na infância. Não havia coral, pois todos cantavam com alegria e júbilo. Não havia coletas e assim mesmo todos contribuíam com alegria para a manutenção da obra. Não havia avisos, nem reuniões de ministério, mas um temor profundo à Deus permeava os locais de reuniões.

Durante o avivamento os cultos continuavam quase sem parar e a presença de Deus foi manifesta de uma forma especial. Grandes congregações, de até milhares de pessoas, foram movidas pelo Espírito a "cair aos pés simultaneamente para adorar em uníssono"; às vezes a glória do Senhor brilhava dos púlpitos com uma luz tão forte que "os evangelistas ou pastores fugiam dela para não serem completamente arrebatados".

Coisa semelhante nunca havia acontecido em Gales, com um resultado tão extenso. Infiéis eram convertidos aos prantos durante as reuniões. Homens que bebiam nas tavernas saiam gritando desesperados e adentravam as igrejas pedindo perdão por seus pecados. Ladrões terríveis e jogadores contumazes eram salvos e mudavam radicalmente. Milhares de pessoas pervertidas voltavam à respeitabilidade. Confissões de pecados assombrosos eram ouvidas por toda parte. Velhas e esquecidas dívidas eram saldadas com lágrimas nos olhos. Os teatros fecharam por falta de patrocínio e de freqüentadores.

Os efeitos do avivamento estenderam-se muito além dos cultos e reuniões de oração. Os bares e cinemas fecharam, as livrarias evangélicas venderam todos os seus estoques de Bíblias. O avivamento tornou-se manchete nos principais jornais do país. A presença de Deus "parecia ser universal e inevitável", invadindo não somente as igrejas e reuniões de oração, mas se manifestando também "nas ruas, nos trens, nos lares e nas tavernas".

O País de Gales era um grande produtor de carvão mineral muito usado no aquecimento das casas no rigoroso inverno europeu. Os mineiros de carvão eram homens de baixa índole e só falavam palavrões tanto em casa, nas tavernas e nas minas. As mulas que puxavam carroças do interior da mina com carvão eram tratadas aos berros e com grosseiros palavrões. Com o derramar do doce Espírito Santo esses homens mudaram e as mulas se recusavam a trabalhar, pois estavam desacostumadas de bons tratos.

Em cinco semanas de avivamento vinte mil pessoas congregaram-se às igrejas. Durante o período que durou o mover de Deus mais de cem mil pessoas aceitaram o Senhor Jesus como seu Senhor e Salvador.

O avivamento no país de Gales durou apenas nove meses, porém neste tempo marcou o mundo. Os frutos, os resultados do avivamento, foram bons: uma pesquisa feita seis anos depois do avivamento descobriu que 80% dos convertidos continuavam sendo membros das mesmas igrejas onde tiveram se convertido. Porém, isso não significa que os outros 20% tivessem se desviado, porque muitos se mudaram para missões independentes ou novas denominações.



Autor: Pr. Epaminondas M. Pinho